quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Mochilão na Patagônia (Parte 2)

 Agora vem a parte em que a gente já se sente na Patagônia, seguindo pela RUTA 3 desde Bahia Blanca, e que já não se sabe qual foi a paisagem mais bonita vista até aqui. Qual o nascer ou por do sol mais envolvente nem qual será a próxima maravilha a se avistar.
 Saímos de Viedma, na Província de Rio Negro, de ônibus, à noite, rumo a Puerto Madryn, na província de Chubut. Só paisagens arrebatadoras, ruas gostosas de andar, de sentar para tomar um café, uma cerveja, um sorvete (helado), sentir o vento, o calor do sol.

6- Puerto Madryn


  Bateu uma tristeza de ver a cidade de Viedma ficando para trás, tudo o que eu pensava é que um dia voltaria ali. E como se eu já não tivesse visto o suficiente para valer pelas férias inteiras, lá vem o dia surgindo em Puerto Madryn. Foram cerca de 7 horas de viagem e eu cheguei com o dia começando a nascer. Ao descer do ônibus, como era muito cedo, fui escovar os dentes, lavar o rosto e trocar de roupas ali no banheiro da rodoviária mesmo. Eu ia dar logo uma voltinha pelas redondezas e procurar saber se tinha o que se fazer por mais de um dia naquela cidade, mas o centro de informações turísticas abriu logo. Lá informaram que em Puerto Pirámides se poderia avistar baleias e que era um passeio famoso, internacionalmente conhecido. Algumas empresas locais faziam o tour, mas isto não fazia parte dos planos, comprar tour. Deixei a mochila num locker na rodoviária mesmo que custava um real ou coisa assim bem baratinha, comprei a passagem de ônibus até Puerto Pirámides e lá eu ia ver como pegar o barco para encontrar as lindas baleinhas.


 No caminho já foi avisado pelo motorista que o ônibus de volta a Puerto Madryn só saía às 17h. Foi bom ele ter avisado, porque lá estava bem deserto e não tinha muito o que se fazer além das baleias. Pelo menos para mim não, naquele dia tava tão sem ninguém lá. Nunca se esqueçam de perguntar a hora dos ônibus! Aprendi bem esta lição aqui.
 Chegando lá na praia onde se avistam as baleias, tem uma rua principal com lojas de lembrancinhas ("recuerdos"), bares, lojas de roupa e empresas que fazem a ida de barco até onde as baleias estão. Comprei lá a "entrada" do barco e fomos Golfo Nuevo a dentro. Um meeeedo daquela água gelada sendo jogada dentro do barco, num frio, um mar agitado, gente falando idioma de vários lugares do mundo, mas todos se entrosando, uma equipe bem divertida e... baleias! Sim, era verdade. Elas existem (eu nunca tinha visto baleias pessoalmente, muito prazer!) e saltam, e soltam um som bem forte e estranho, engraçado, como um ronco, sei lá. E são muitas delas, enormes, é incrível. Junto a isso tudo tem a equipe da embarcação contando "causos" do lugar e divertindo a gente com piadas, num clima bem descontraído. Eu iria de novo, com medo mesmo. Se eu recomendo? MUITO. Até para quem já está acostumado a ver baleia, é um passeio agradável, lindo, divertido e bem interessante.



 De volta a praia, ou você vai para um bar esperar dar a hora do ônibus chegar ou fica lá na parada levando poeira da estrada, pois a praia estava deserta e fria rs. Eu fui andar pelas redondezas, mas o bom mesmo é ficar lá na principal com os turistas e locais no bar conversando e tomando alguma coisa até dar a hora de voltar.
 De volta a Puerto Madryn, era noite e retirei minha mochila do locker para partir em busca de um hostel. Como eu já tinha mapa, fui seguindo em frente e avistei uma orla não muito longe. Mas, antes de ir a orla, encontrei o hostel chamado "Don't Worry Be Happy" que fiquei por uma noite. Só jovens, atendente simpático, Internet e um mate.  Jantei sanduíche e refrigerante do mercadinho do outro lado da rua. Descansar pois eu sou filha de Deus. No outro dia fui andar na tal orla. O que que era aquilo?! Tem um monte de esculturas ao longo do calçadão, um cenário lindo para fotos, estrutura top para diversão, turismo e lazer. Olha como fica à noite:


 Aí durante o dia foi só curtir a cidade mesmo. Lanchonete, foto, bar, fechar a conta do hostel e ir atrás do próximo destino. Tinha coisa para fazer se eu quisesse ficar, mas o tempo era curto e o dinheiro também. Rodoviária, lá vou eu. Perguntei lá no guichê qual era a próxima cidade INTERESSANTE para ir pela Ruta 3 na direção de Ushuaia. Recomendaram Comodoro Rivadavia, pois é passagem para os viajantes, e lá fui eu. O ônibus saiu à noite, seriam cerca de 5 horas de viagem e eu iria chegar lá de madrugada. Tudo bem, que seja!

7- Comodoro Rivadavia


  Mais uma cidade em que eu chego de madrugada e a rodoviária não é legal como a da cidade anterior. Mesmo assim, fiquei por ali até o dia amanhecer por completo. Uma cidade quente de dia e fria à noite, encostada aos pés de montanhas que de vez em quando sopram areia na cara da gente rs. A esta altura eu já estava "desenrolada" no portunhol e já puxava papo com os funcionários, taxistas, motoristas, outros turistas. Daí indicaram um hostel legal que dava para ir a pé. Bonitiiinho, cheiroso, com "baño privado" e precinho amigo. Eu precisava muito lavar roupa, então tinha que ficar na cidade até pelo menos o outro dia. Deixei minhas coisas (uma mochila) no quarto e levei numa sacola grande a roupa suja mais pesada como calça jeans, shorts jeans e blusa de manga comprida para deixar numa lavanderia, pois não podia ficar esperando isso tudo secar dentro do quarto. Não podia deixar lá no hostel sem vigiar, pois alguém poderia roubar (eu já tinha sido roubada nesta viagem) e outra que não ia dar tempo de secar tudo até o outro dia. Deixei tudo numa lavanderia pequena, mas  as meias e roupas íntimas eu mesma lavei no banheiro e pendurei no quarto, e fui lá no centro de  informações turísticas pegar um mapa com os pontos interessantes e o que se fazer nesta nova cidade.  De todas as recomendações eu escolhi conhecer Rada Tilly, uma praia ali perto, há cerca de 20 minutos de ônibus. Lá eu poderia ir de remis (carro de praça ou táxi) até o ponto onde se avistam os lobos marinhos na reserva e no mirador. Eu fui de remis, cheguei lá na entrada da reserva o portão estava fechado, eu pulei (marginal) e cheguei ao mirante. De lá se viam os lobos marinhos (que aqui a gente chama de leões marinhos) e logo chegaram os funcionários que tinham saído e fechado o portão de acesso, mas aí abriram  para a entrada de outro visitante e me convidaram a conhecer o escritório e observatório, deram panfletos e falaram sobre a fauna local. Nem reclamaram hihi. Agradeci e fui observar aquela praia lá de cima. 




Vi que muita gente vai andar de quadriciclo nas montanhas e também curtem um surfe por ali. Como não fiz amizade com ninguém que tinha quadriciclo e não sei surfar nem nadar, não tinha mais nada para mim ali. Andei pela orla e fui para a parada pegar o ônibus de volta ao centro de Comodoro Rivadavia. Cheguei quando ainda era dia umas 18h, então fui buscar a roupa, levar ao hostel e saí para interagir com os "nativos". Achei que ia parar em um barzinho ou club ou um point qualquer, mas estava tudo parado, sem movimento e a única diversão da noite foi um recital de escola de canto que eu nem lembro mais o nome. Foi legal, o pessoal cantava bem mesmo, pararam para conversar comigo, mas ninguém a fim de badalar, foi todo mundo dormir, até eu. Aproveitei para acordar tarde no outro dia, porque de tanto  andar a pé e dormir em ônibus eu já estava precisando de uma cama mesmo. Eu já tinha visto tudo o que me interessava dali, então no dia seguinte ia pegar a estrada. Pensei em parar em Puerto Deseajo, mas ia ser mais tempo e dinheiro, era melhor adiantar mais o caminho. Próximo destino Rio Gallegos pela Ruta 3.

8- Rio Gallegos 


 Parti de manhã e cheguei a Rio Gallegos no início da noite, mas o céu ainda estava claro. Estava eu já na província de Santa Cruz. Na rodoviária conheci um funcionário muito prestativo que ensinou algumas coisas sobre a cidade, falou da vida dele, me ensinou a sacar dinheiro lá num caixa eletrônico todo estranho, falou sobre o amigo que tinha em São Paulo/BR. Foi uma mega conversa com o amigão do guichê de venda de passagens. Infelizmente não havia nada de muito legal a ser feito naquela noite e eu teria que partir dali no dia seguinte. Já eram umas 20:30h e estava escurecendo e eu tinha que arrumar um hostel. Peguei o mapinha e fui de táxi. A cidade é grande, mas pouco movimentada, tem bares, pizzarias, restaurantes, enfim, tudo que tem em cidades grandes e que fica aberto até tarde. Quando eu estava andando por perto do hostel vi que tinha um torneio de hóquei sobre patins e entrei para assistir. Foi legal, eles até ganharam a promessa da prefeitura de fazer uma quadra decente para eles jogarem, tava todo mundo feliz heheh. De lá eu segui o fluxo do pessoal e fui caminhando para o centro e para uma orla meio antiga. Achei lindo o estilo das casas da cidade, com jardins abertos, cercas ou muros baixinhos e janelas imensas que revelavam o bom gosto dos moradores também com o interior das residências. Dava pra vê-los assistindo televisão ou fazendo a refeição juntos, fiquei até com vontade ser convidada para o jantar, nesta noite deu saudade de casa e da comida gostosa. Parei para comer numa pizzaria e depois voltei a pé para o hostel (longe!). Daí o que deu para conhecer foi o centro mesmo, a praça e a orla, tudo lindo.






 O dia raiou e era hora de seguir viagem. Tomei café no hostel mesmo, peguei a mochila e segui para a rodoviária, comprar a passagem e ir direto para... tchan tchan tchan tchan ... Ushuaia, a cidade mais austral do mundo!

9- Ushuaia


 Aqui já começava a diversão desde o ônibus, pois quando chega no Estreito de Magalhães ele sobe a bordo de um navio para fazer a travessia. O frio já era demais e agora só piorava. A gente podia sair de dentro do ônibus para ficar na parte de cima do navio curtindo a viagem. A brasileira aqui estava se tremendo, com o nariz congelando, mas foi lá para cima observar tudo, aproveitando cada segundo. Os viajantes neste ponto já são bem jovens e dispostos, pois os idosos e crianças vão de avião em sua maioria, daí já dá outro clima. Outra parte que dá medo, mas é legal.
 Desembarcamos do navio já dentro do ônibus e continuamos por terra. Entramos em território chileno depois saímos do território chileno, voltamos para o território argentino, rodamos um bocado, paramos na cidade de Rio Grande para abastecer, se bem me lembro, avistamos as montanhas cobertas de neve ao longe e percebemos que chegamos à Tierra del Fuego. Ushuaia linda,  às margens do canal de Biegle, a um pulinho da Antártida, no berço dos pinguins. É hora de parar e comemorar um pouquinho: "até que enfim cheguei! Cheguei al fin del mundo!" 


 Quando desci do ônibus, um monte de gente veio oferecer hospedagem. Tem de todo tipo, com oito camas, quatro camas, para casal, para quem tem grana, para quem não tem. Fiquei em um Bed & Breakfast mesmo, pequeno, poucos hóspedes, muito aconchegante, com um mega café da manhã, pertinho da rua principal e do porto. 





 Conheci o Parque Nacional Tierra del Fuego, cheguei até o fim da Ruta 3! Um parque de águas límpidas com área de camping, hotel, mirantes, lagos, maravilhoso. Depois conheci o Glaciar Martial, onde cheguei de táxi e voltei ao centro da cidade de carona na caçamba de uma caminhonete, levando uma "brisa" de 8ºC na testa. Lá em cima, na entrada do Glaciar, só chega táxi se alguém chamar e não tem transporte público. Eu estava lá pensando no que iria fazer para descer, pois estava a 1.050 metros acima do nível do mar. Entrei na Casa de Té, tomei um mate, pensando na vida ... Eis que surge uma caminhonete para fazer uma entrega ou receber um pagamento, enfim, era um fornecedor. Ele estava com sua esposa e filho no banco da frente, não era cabine estendida, só tinha a carroceria livre. Eu pulei da cadeira, paguei o chá e fui pedir a eles para descer na caçamba e eles deixaram! Foi um super passeio free, pois eles entraram em outros estabelecimentos ao logo da descida e eu fui junto. Vi que tinha gente descendo a pé e de skate, mas ainda bem que descolei uma carona.  No "pé da ladeira" eles me deixaram e seguiram o caminho deles. Eu fui comer parrillada e tomar vinho, pois o frio que tava sentindo não era deste mundo. Depois fui dormir, cansada. Tomei vinho pela viagem todinha, comi fruta da região, queijos, parrillada, fiz a festa, aproveitei mesmo. Nem comprei "recuerdos" lá. Gostaria de ter ficado uma semana, mas não tinha tempo para isso, se eu quisesse conhecer a parte chilena, então fiquei três dias. No outro dia fui conhecer o centro com calma, parando nas lojas, almocei por alí, e comprei a passagem de ida a Puerto Natales, meu próximo destino.

10- Puerto Natales




 Aqui pegamos um caminho para entrar em Punta Arenas, deixar alguns passageiros lá e depois seguir para Puerto Natales. Boa parte dos passageiros desceu. Até eu quis descer quando soube ali havia uma Zona Franca, mas não tinha mais como. Não se pode ter tudo, fica para a próxima, afinal eu nem ia ter dinheiro para comprar muita coisa, nem ia ter como levar num mochilão, nem tinha tempo para perder com compras.


 Agora vou rumo a Puerto Natales, um lugar que eu nunca tinha ouvido falar, não sabia o que tinha, nem sabia direito o porquê de ir. Como não tem rodoviária e a cidade é bem simples, rústica, a gente desce próximo ao centro, na rua mesmo. Logo na chegada, ainda dentro do ônibus, uma moça que estava sentada na poltrona ao lado começou a vestir uma blusa de manga, um casaco de zíper, uma touca, um cachecol. Aí eu pensei, esta aí deve ser brasileira, sente frio com qualquer besteira.  Mas quando eu desci do ônibus, meu amigo... Voltei na hora para me agasalhar também! Que frio era aquele, meu Jesus amado?! Fazia uns 3º no máááximo. E eu tinha roupa para aquele frio? Tinha nada, tinha roupa de algodão, daqui. Comecei a me empacotar com os que eu tinha, vestir uma calça por cima da outra, enrolar o pescoço com cachecol, por luvas, foi uma Marmota. Pensei "ah se eu tivesse descido em Punta Arenas para comprar um casaco descente!" Nem em Ushuaia senti tanto frio.
 Desci e logo fui abordada por gente oferecendo hospedagem, e eu fui pra um hotel bem localizado e bem simples, no centro, com banheiro privado e trasfer de caminhonete, desta vez, dentro. A cama tinha SEIS cobertores e tinha aquecedor ("calientador") no quarto. O pessoal tava encarando o tempo numa boa, então eu é que não estava acostumada mesmo com o frio, eles já nem sentem mais. Mas eu vi que precisava comprar roupa de lá, que era feita para encarar o fio de lá! Então saí logo para comprar um casaco caxarrel de lã de lhama que é a que melhor esquenta, e um casaco de zíper com um tecido que aquecia bem, mas não era muito volumoso, além de um par de calças legging para frio, duas polainas e um par de meias grossinhas. Agora sim, eu era gente de novo. Aprendi que não tem frio para quem está vestido adequadamente. Lá tem uma escultura de mão na avenida. 




 Lá na recepção mesmo nos informaram da maravilha que era o passeio ao Parque Nacional Torres Del Paine, então comprei o tour feito em van. Eu não iria encarar um trekking ainda. Só que tem lugar no parque que só se chega fazendo trekking  e muitos viajantes me informaram que vale a pena demais (circuito W e circuito O). Em alguns trechos do passeio de van nós tivemos que descer para ver os pontos onde só se chega a pé. Neste dia choveu e caiu granizo no parque. Paramos para almoçar ali mesmo num hotel dentro do parque (onde os preço são exorbitantes, então leve seu lanchinho na bolsa) o granizo caiu, depois saímos para a Cueva del Melodon. Tem uma reserva bem linda e agradável lá, mas para entrar exatamente dentro da "cueva" (caverna) tem que pagar. Eu entrei, pensei que ia ver uns registros e fósseis bem interessantes, mas só tinham réplicas, me decepcionei. Seguimos pelo parque de lagos glaciares em um azul ora turquesa ora esbranquiçado como eu jamais imaginei ver. Cascatas gigantes de água gélida, vegetação e pedras se misturando, huemul, guanacos, condores, águias, flamencos, pumas, flores. É encantador e ponto. Não tem como descrever, só indo e vivendo. Um dia muito bem aproveitado, bem pago e inesquecível. Eu faria de novo.







Nesta área as estradas são quase inexistentes, de cascalho e em certas épocas ficam encobertas pelo gelo. Em muitos trechos é necessário entrar na Argentina e depois voltar a território chileno. Quem cuida disso é a aduana que é bem rigorosa quanto a entrada de alimentos, então cuida aí do lanche para não levar presunto, queijo, salsicha e sei lá mais o que. Bolo e biscoito pode, mas tem que declarar, não passa nada escondido, se liga. Batemos um papo legal com um cearense que já estava indo pela quarta vez a patagônia e passou altas dicas sobre o próximo destino, El Calafate/AR. 

 Por aqui acho que já está bom. Se quiser saber sobre a próxima etapa da viagem, veja o próximo post! Até lá.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Mochilão na Patagônia (Parte I )

 Fiz esta viagem totalmente sem saber o que esperar e nem o que era um mochilão. Nem se quer pesquisei sobre os locais que eu percorreria, só fui porque a pessoa que estava comigo na época me convidou e eu "meti a cara" e aceitei.
 Em vários momentos da viagem eu quis voltar, fiquei com muito medo de certos trechos, tive medo de morrer e ficar na beira da estrada como indigente, medo de me perder e alguém me estuprar, tive medo de escorregar e despencar das montanhas e da geleira. Foi uma viagem cheia de emoções fortes e, quando acabou, eu queria fazer outra!  Foi aí que eu entendi o que era um mochilão e como vicia mesmo viajar. Que quando o medo nos vence a gente só faz regredir, perde o melhor da vida e eu teria perdido muito se eu não tivesse seguido em frente. Descobri que o tipo de turismo que me atrai é cultural, histórico e ecológico. Que você só conhece e entende o lugar que visita se andar, comer, dormir e conhecer os locais que os nativos frequentam, o resto é mais maquiagem para impressionar turistas e vender lembrancinhas. Não que seja algo ruim, tem quem goste. Respeito.
 Desde, então, meu objetivo de vida se tornou ter uma fonte de renda estável para garantir que eu possa viajar, pelo menos a cada dois anos. Ainda não consegui, mas vivo na luta. Como é um "resumão", não vou detalhar o que fiz em cada dia da viagem para não ficar muito extenso. Se interessar a você saber sobre cada cidade eu faço um post falando sobre cada uma.


1- Buenos Aires

Comprei um "Guia Criativo para O Viajante na América do Sul" no aeroporto de Guarulhos/SP. Quando cheguei em Buenos Aires/AR, no aeroporto Ezeiza, procurei no livro uma hospedagem baratinha e bem localizada e vi o endereço e valores do Recoleta Hostel e gostei, quis ir para lá mesmo. No Aeorporto tinha um guichê onde se comprava um ticket para ônibus que deixava num ponto onde carros (remises) levavam os passageiros até o hotel. Até aqui eu não falava um "ai" de espanhol, estava com medo de me perder e não sei de onde tiramos a ideia de pegar este ônibus, mas deu certo!  Em 40 minutos mais ou menos, chegamos ao Recoleta Hostel. Adorei, pena que o café da manhã (desayuno) é fraquíssimo. Depois vi que isso normal na Argentina e passei a me adaptar aos novos sabores. Fiquei lá por quatro dias conhecendo Buenos Aires. Andei bastante e conheci muita coisa, mas essa é uma cidade onde sempre se pode conhecer mais. O ponto alto de Buenos Aires foi ir a Estação Retiro e pegar um trem para a província de Tigre.

2- Delta do Tigre

 Fomos de trem passeando pelo litoral, vendo estações encantadoras, uma diferente da outra, com cafés e kioscos.

 Lá descemos numa estação que fica no centro, com um porto, lojas, lanchonetes, à beira do rio com uma brisa gostosa, sol, uma atmosfera maravilhosa. Vale a pena dar uma volta por ali, sentar, tomar um café e depois comprar a passagem de volta de barco. Sim! Volte de barco, catamarã ou lancha pelo rio Luján e desembarque no Puerto Madero.  Ao longo do caminho pode-se avistar lindas casas em pequenas ilhas e a vida da população local onde as crianças aprendem a nadar antes mesmo de andar, têm barcos mercadinho e ouve-se histórias da região. É emocionante. Tem gente que acha muito "paradão", mas eu adorei.



 Depois de quatro dias me locomovendo de metrô e ônibus em Buenos Aires, doida para ficar mais, chegou a hora de conhecer mais da Argentina. Só que enquanto eu deixei minha mochila no locker do hostel e fui me informar no centro antes de partir, roubaram o livro que eu ia usar para me guiar. O guia turístico citado acima. Estava amarrado com um elástico a minha mochila, mas quando eu voltei tinham levado e o pessoal do hostel não sabia quem tinha sido, pois o locker estava com um monte de outras mochilas e cada um que reconhecesse a sua e levasse, sem muita fiscalização. Interessante é que tinha o meu celular no bolso de fora da mochila sem tranca nenhuma e não roubaram, ainda bem (rs). MAS como eu já estava determinada a seguir em frente, usei a internet do hostel mesmo para me orientar, fiz umas anotações e segui para a estação Retiro, rumo a Mar Del Plata. 


3- Mar Del Plata

 Foi uma caminho longo que eu aproveitei para cochilar, pois não sabia o que me esperava lá. Estava sem guia, sem mapa e sem reservas. 
Quando cheguei na rodoviária, que era bem pequena, já fui logo abordada por várias pessoas que ofereciam hospedagem e faziam o traslado. Eu, entretando, peguei um táxi e fui atrás de uma hostel que eu tinha anotado o nome, na Calle Alem, perto da orla. Cheguei lá no hostel e... estava lotado! Botei a mochila nas costas e segui na mesma rua procurando uma placa de hospedaria, pousada, hostel, qualquer coisa. Achei um outro hostel e ... peeeen, estava lotado também. Mochila nas costas novamente e segui na busca por um teto rua acima. Encontrei vaga num hotel na mesma rua (que eu esqueci o nome =D), bem localizado como os outros, próximo à orla e barezinhos e perto de parada de ônibus. Deixei a bolsa lá, tomei banho e saí.  Aí aconteceu uma coisa, eu fiquei com medo mas foi engraçado depois. Eu peguei um ônibus e fui conhecer a cidade primeiro de ônibus para dar uma olhada geral e depois sair a pé. Só que peguei e fui até o fim da linha, pensando que ele faria o retorno e me traria de volta à mesma parada. Ledo engano! O terminal era numa área bem esquisita, meio pobre com ruas de barro, casebres e tava um frio de 12ºC, pois estava chegando a noite. Parecia que eu estava com o nome "brasileira" escrito na testa com um vestidinho frente única, uma rasteirinha e um lencinho enrolado no pescoço. Lá vou eu pela rua de barro, deserta, a pé, esperar outro ônibus que vá para a rua Alem. O motorista era o mesmo, ele riu e até me deixou bem mais perto do hotel, porque eu fui a última a descer de novo. Graças a Deus, deu tudo certo e a brasileira mochileira inexperiente voltou se tremendo de frio e pagando o maior mico.
 No outro dia eu saí a pé e mais preparada para encarar um possível frio de 12 graus heheh. Conheci a orla caminhando sem pressa, reparando em cada café, loja, parque, no cassino, etc. Depois, no centro, almocei num "tenedor libre" (almoço sem balança) bem legal, lá tem onde comer à vontade. Peguei um panfleto/mapa nas informações turísticas e fui de ônibus ou a pé mesmo, para cada um dos pontos indicados. 
 Como eu falei anteriormente, não dá para dizer que conheceu o lugar sem andar por onde o povão anda. E, no dia seguinte, fui eu comer comida de rua, comprar umas besteiras e interagir por ali. Conheci uns brasileiros (claro), comprei um ticket ("tarjeta") para andar mais uma vez de ônibus. Já passava das 17h eu tinha que seguir viagem. Voltei ao hotel, peguei a bolsa e segui de táxi para a rodoviária. Poderia ter ido de ônibus, mas estava cansadona de andar. Peguei uma passagem para sair de lá às 23h.
 A tática era dormir no ônibus leito ("coche cama") rumo ao próximo destino para aproveitar a noite dormindo e viajando e chegar de manhã para conhecer a próxima cidade. Perdi o ônibus distraída, conversando e tive que comprar outra passagem com saída de madrugada. Fiquei lá mesmo até dar a hora da saída.

 4- Bahía Blanca 


 Com todo o respeito aos moradores, nativos e admiradores da cidade, foi a pior parte da viagem até aqui. A cidade era pequena, nem tinha centro de informações turísticas, o banheiro da rodoviária estava muito sujo, o próprio funcionário que trabalhava lá num kiosco disse que não tinha nada para turista fazer ali. Nem porto, nem mercado, nem nada. Aí já comprei logo a passagem de ônibus de ida para a próxima cidade. Ou seja, ia ser um dia perdido. Então deixamos as mochilas numa residência ali em frente, onde se cobrava uns R$5,00 para guardar a bolsa. Eu deixei lá, porque o cidadão da rodoviária havia informado que era perigoso andar de mochila na cidade, pois os ladrões ficavam de olho (que não é muita novidade). Comprei a ele um mapa local e fui andar. Andei até o centro, depois até uma praça onde o pessoal se reunia para vender artigos artesanais, tomar um mate, comer choripan, etc. Muito fraco o movimento, mas pelo menos comi choripan rs 



Na volta me perdi, mesmo com mapa na mão!!! Eu tinha saído da área que aparecia no mapa. Chorei, rodei por ruas desertas, segui a linha do trem, pedi informações num posto onde a atendente parecia me odiar e indicou o caminho errado, pedi informação num carro de polícia (fiquei com medo até da polícia), mas consegui chegar a rodoviária de volta. Peguei a bolsa e parti dali no fim da tarde. Próximo destino, Viedma. Escolha aleatória de novo. 

5- Viedma


 Cheguei à noite, sem reservas, sem mapa, pouca gente desembarcou lá, e todo mundo me olhava,  parecia que a rodoviária ia fechar e só tinha um taxista ali disponível. Fui até ele e pedi para me deixar num hotel no centro ou perto do centro e não muito caro. Ele seguiu, me deixou no hotel, a corrida deu até cara, me espantei e comecei a preocupar com o gasto da viagem até ali, mas paguei e ele foi embora. Advinha ... Não tinha vaga! kkkkk
 Lá vai a brasileira de noite e a pé com seu companheiro de viagem procurar um lugar para dormir. Andamos muito, meio perdidos mesmo, até o centro de informações turísticas que estava fechado, claro, e ficamos ali pensando no que íamos fazer. Talvez esperar ali até o dia amanhecer para não ficar dando vacilo na rua de madrugada com as mochilas. Mas aí resolvemos andar só mais um pouquinho no que parecia ser uma orla bem escura. Achamos!!! Um hotel baratinho e bem aconchegante logo depois do hotel Austral que é bem mais caro. Ficamos num hostel mesmo. 
 No dia seguinte fui até o centro de informações turísticas e peguei um mapinha e pedi informações sobre o que fazer na cidade. Claro que dei aquela volta nas ruas, agora de dia e mais tranquila. Botei uma calça pra lavar na lavanderia, pois agora já tava ficando sem roupa limpa, porque só levei uma mochila. E fui conhecer Viedma, a capital da província de Río Negro e do departamento de Adolfo AlsinaFoi neste dia que vi como esta cidade é linda, as pessoas cuidam das calçadas e dos jardins como se fosse a coisa mais importante da vida delas, com um bom gosto e uma dedicação fora do normal. As ruas são limpas e a paisagem urbana casa com a paisagem natural á beira do Rio Negro.  Aqui se paga para atravessar o rio de barco e conhecer Carmen de Patagones que é uma área história bem fofa e romântica. Eu fui lá, claro, rua por rua.
 Agora vem a parte mais encantadora de ir a Viedma: conhecer o Balneário El Cóndor


 O ônibus te pega na parada da praça que fica na esquina da Av. San Martin com a 25 de Mayo e se paga em dinheiro mesmo. Em cerca de 45 minutos você desce em El Cóndor numa parada lá na entrada da cidadela. No dia que fui estava um vento realmente PATAGÔNICO, não tinha quase ninguém na cidade e nenhum lugar para comer. Então fui explorar a beleza da orla, mesmo que deserta. Num ponto (bem distante) o calçadão acaba e vamos para a areia que revela um paredão logo a frete, esplêndido e cheio de ninhos.




Não há foto que traduza a beleza dos condores voando sobre nós, saindo de seus ninhos em pequenos buracos numa paredão de pedra imenso. Aos nossos pés as águas límpidas e geladas do mar movendo o cascalho do chão de lá para cá. É um ótimo passeio para quem gosta de natureza e também de passeios em veículos offroad. Há empresas locais que vendem estes passeios.
 Lembre-se de perguntar ao motorista que te deixou lá, qual é a hora que tem ônibus voltando para o centro de Viedma, se não você dança, fica lá. Eu fiquei azul de fome na parada esperando o ônibus chegar e só tinha balas para vender na rua. Nem helados, pasteles, empanadas, nada.
 No fim do dia o frio já começava a bater de novo e eu de novo estava de vestidinho e rasteirinha, pois quando eu tinha saído de manhã estava o maior calor, como eu ia saber? Voltei no maior frio, ainda passei na lavanderia para pegar minha calça (deu R$10). Entrei correndo no hostel, me vesti e fui jantar lá na rua mesmo, numa lanchonete. Depois descansar para seguir ao próximo destino.

Até o próximo post!


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Dividindo o banheiro sem stress


 Existem certas práticas das pessoas que convivem numa casa que podem ser modificadas sem sofrimento e que melhoram (muito!) o dia a dia. Não que eu seja a pessoa perfeita para se conviver, embora eu tente o meu melhor. Mas sempre vivi cercada de gente em casa e até nas férias e feriados com amigos e amigos de amigos. Em todos os grupos que conheci as pequenas brigas e desconfortos poderiam ser evitadas com simples acordos de convivência. Isto é, bons hábitos.
 Cada família tem sua educação e seus costumes, eu entendo e não quero REeducar ninguém (quem sou eu para isso???) mas muitas passam pelos mesmos deslizes que provocam mal estar desnecessário. E quanto menos conflito na vida, melhor. Casa e ambientes onde se compartilha o espaço merecem uma atenção especial para serem acolhedores e pacíficos.
 Então vamos ao foco dos principais conflitos, o banheiro. Quem gosta de ver cabelo na pia, bacia sanitária aberta com resíduos ( até com "navegadores"), chão molhado, marca de sapato de rua no tapete, calcinha molhada no box, roupa suja no chão, toalha de rosto ensopada, espelho com respingo de pasta, tubo de creme central aberto ou espremido no meio? NINGUÉM.


 Então não se esqueça de que depois de você vem outro ser humano igual a você que também merece respeito e precisa usar o mesmo banheiro. Entrem num acordo de mútuo respeito e parceria para manter o ambiente limpo e apresentável. Depois disso, acostume-se a deixar as coisas em seu devido lugar. 
  

 Usou o sanitário, imediatamente abaixe a tampa e dê descarga. Acabou o rolo de papel, troque. É bom deixar outros rolos disponíveis no banheiro mesmo, para ninguém ter motivo de "esquecer". E também evita aquele constrangedor grito de socorro para alguém trazer um novo rolo rs. Se molhou demais a toalha de rosto, substitua. Saiu do banho, evite molhar o chão do banheiro, mas se molhar, enxugue. Lavou a calcinha, leve para pendurar e secar no local apropriado. Usou a pasta, tampe. Aperte o tubo no fim. Se sujou o espelho, limpe com um papel higiênico úmido.  Sapato sujo de rua não entra no banheiro, só se for uma emergência. O tapete do banheiro apara nossos pés limpinhos depois do banho, não deve estar com sujeira de sola de sapato.  Roupa suja no cesto. Frasco de shampoo, creme, condicionador vazios, embalagem de sabonete vão para o lixo, não os esqueça vazios no banheiro ocupando espaço, acumulando o que não presta mais. 


 Mantenha estes bons costumes quando você for usar o banheiro de qualquer outro lugar, pois as pessoas vão notar como você é uma visita agradável que não faz bagunça, vão ter uma boa impressão e vão sempre querer que você volte. Faça tudo isso por si próprio também, pois você merece um ambiente limpo e arrumado. 
Já passou por coisa pior? Achou a solução para outros problemas? Me conta!

sábado, 10 de janeiro de 2015

Perfumes preferidos do momento




Wild Elixir by Shakira
Favoritão do momento! Cheiro de poder, glamour e sedução 

Egeo Dolce
O que faz mais sucesso hoje em dia. Quando eu passo o pessoal reconhece logo. "Tu estás usando Egeo, né? É uma delícia este cheiro"Até o jardineiro perguntou o nome para dar de presente para a namorada! É garantia de sucesso ;) 


Lili Essence
Cheirinho de romance, embalagem super elegante, três opções de válvula (bombinha, spray ou tampa de rosca). Outro sucesso do Boticário.


Very Sexy by Victoria's Secret 
Cheirinho fresco e docinho, nada forte. Uso de dia.



Cuba Strass
Não sei descrever o cheiro. Sei que gosto, mas uso pouco, porque ele tem glitter, aí eu fico meio sem jeito de sair brilhando por aí hahaha Ás vezes eu ponho por dentro da roupa para esconder o brilhinho e por trás das orelhas =D 


E aí, alguma sugestão de perfume para as próximas aquisições? Estou aceitando dicas.

Beijinho!